Melhorantes do Pão por Sónia Paula (Técnica de Higiene e Segurança Alimentar)
“O pão é o resultado da amassadura, fermentação e cozedura, em condições adequadas das farinhas de trigo, centeio, triticale ou milho, estremes ou em mistura, de acordo com os tipos legalmente estabelecidos, água potável e fermento ou levedura, sendo ainda possível a utilização de sal e de outros ingredientes, incluindo aditivos, bem como auxiliares tecnológicos, nas condições legalmente fixadas” (Portaria nº 425/98, de 25 de Julho)
Constata-se que, apesar de algumas variações ou quebras no consumo de pão per capita, este é um alimento amplamente divulgado e consumido, sendo em algumas culturas a base da alimentação. Por este motivo, a panificação tem evoluído no sentido de responder a procura constante deste produto, através da mecanização do processo e do desenvolvimento de novos ingredientes, que permitem manter a qualidade, durabilidade e até aumentar a variedade de produtos de panificação. A par deste desenvolvimento tecnológico, o consumidor mais curioso e mais esclarecido procura informações e esclarecimentos para que possa efetuar escolhas alimentares mais seguras e saudáveis para si e para a sua família. Uma das questões mais pertinentes que surgem aos técnicos da panificação é:
O que é um “melhorante de pão”?
O “melhorante de pão” é uma combinação de ingredientes, como por exemplo, auxiliares tecnológicos[i], aditivos e outras matérias-primas de origem cerealífera ou não que são misturadas de acordo com uma formulação que se adequa a um objetivo ou contexto específico[ii]. Normalmente, a utilização dos melhorantes tem por objectivo:
· Melhorar a “resistência” das massas à mecanização do processo;
· Melhorar a “resistência” das massas à refrigeração ou congelação;
· Facilitar e até otimizar o processo de panificação;
· Melhorar o sabor, a textura e cor do pão (miolo e côdea);
· Aumentar a durabilidade do produto.
A formulação dos melhorantes poderá incluir todos ou parte dos seguintes grupos de constituintes, dos quais darei alguns exemplos:
· Aditivos:
o Agentes oxidantes: acido ascórbico (E-300) ou vitamina C,
o Reguladores de Acidez: Carbonato de cálcio (E-170)
o Emulsionantes: Mono e diglicéridos de ácidos gordos (E-471); Esteres mono e diacetiltartáricos (E-472e), Lecitina (E-322),
o Estabilizadores: Goma de guar (E-412)
o Conservantes: sorbato de potássio (E-202), ácido sórbico (E-200)
· Enzimas: amilases, proteases, lipoxidases,
· Outros: malte de cevada, farinha de soja, açúcar, mel, glúten
Para além do mencionado, há outras vantagens na utilização dos melhorantes, que são adicionados numa percentagem aproximada de 1% do peso da massa de pão:
· São preparados tendo em consideração os limites máximos de incorporação de alguns aditivos;
· A redução da probabilidade de erro nas pesagens de vários micro-ingredientes (produtos doseados em quantidades muito pequenas e que normalmente requerem balanças muito sensíveis) e consequentemente, garante que não são tão facilmente ultrapassados os limites máximos de alguns aditivos;
· Homogeneização da qualidade do produto final
Sónia Paula (Técnica de Higiene e Segurança Alimentar)
[i] Fonte: Reg. (CE) nº 1333/2008 de 16 de Dezembro – Entende-se por “auxiliar tecnológico substâncias não consumidas como os géneros alimentícios em si mesmas, mas utilizadas deliberadamente na transformação de géneros alimentícios, que subsistem no género alimentício final sob uma forma de resíduo e que não produzem um efeito tecnológico no produto final”
[ii] Fonte: https://www.lesaffre.com/fr/